sábado, 3 de abril de 2010

Um pouco de Florbela Espanca...

Faz um tempão que não posto nada aqui...
Ando numa fase "pra dentro", como diria Clarissa Corrêa.
Não quero expôr as coisas que sinto pra não escandalizar ninguém.
Às vezes os nossos pensamentos podem ser tão cruéis, que é melhor que ninguém saiba.
Enquanto luto comigo mesma e com meus ideais, compartilho com vocês um pouco de uma das mais incríveis escritoras que já tive o prazer de ler: Florbela Espanca:

"Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar..."

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"

"Sou talvez a visão que alguém sonhou
Alguém que veio ao mundo prá me ver
E que nunca na vida me encontrou"
 
"Eu não sou boa nem quero sê-lo, contento-me em desprezar quase todos, odiar alguns, estimar raros e amar um."
 
"Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura."
 
"Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros. Diz-me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isso que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive."
 
 
 
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